29.3.03

ROLOS COMPRESSORES


Meu coração é um sólido objeto de borracha. Dentro tem dois pregos de vidro dolorosos e indignos. Pego esse objeto e, enquanto ele resiste com unhas e dentes, consigo escondê-lo com grande dificuldade na gaveta onde guardo ocultamente palavras e histórias do país das bicicletas. Não temo nem a virgem portadora do falo nem o homem de olhos peludos que sobe e desce a escada em trevas. Conheço desde criança o espelho das flores. Canto a glória dos rolos compressores, recito o salmo das garrafas enquanto a minha coruja de papel diz dentro dela -- com o seu funil -- precisamente a palavra "estrangeira".

-- Níkos Eggonópoulos