30.7.07

27.7.07

Sobre o ofício de escrever



os dias de anteontem


Dia 25 foi o dia do escritor. Eis o que alguns deles
já disseram sobre o ofício:


Eu gostaria de ter dinheiro e gostaria de ser uma
boa escritora. Estas duas coisas podem vir juntas,
e espero que venham, mas se isso for demais,
queridinho, eu preferiria o dinheiro.
- Dorothy Parker


Não é má idéia escrever o que se pensa. Assim
a gente poupa os outros de aborrecê-los
com nossas idéias.
- Isabel Colegate


Na literatura como no amor, é um espanto
ver o que os outros escolhem.
- André Maurois
Se eu tivesse de dar um conselho aos jovens
escritores, diria para eles não darem ouvidos
aos escritores que falam do que é escrever
ou de si mesmos.
- Lillian Hellman

Escrever é um jeito de falar sem ser interrompido.
- Jules Renard


Não me tornei escritora porque estudei. Tornei-me
escritora porque minha mãe me levava na biblioteca
e eu sempre quis ver meu nome no catálogo deles.
- Sandra Cisneros
Escrever é transformar os piores momentos
em dinheiro.
- J.P. Donleavy

Eu levei 15 anos para descobrir que não tinha talento
para escrever. Mas daí eu não podia desistir mais
porque já era famoso.
- Robert Benchley
Escrever é livrar-se das coisas. Você se livra de
muitas coisas quando as coloca no papel.
- Hemingway
Escrever é um ofício em que você tem que ficar
provando o seu talento a quem não tem
talento nenhum.
- Jules Renard
Adoro ser um escritor. O que não suporto é ter
trabalho de escrever.
- Peter DeVries
Na dúvida, corte um adjetivo.
- Mark Twain

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18.7.07




creio esta noite na terrível imortalidade:
nenhum homem morreu no tempo,
nem mulher, nenhum morto,
porque esta inevitável realidade de ferro e de barro
tem de atravessar a indiferença de quantos estejam
adormecidos ou mortos
- ainda que se ocultem na corrupção e nos séculos -
e condená-los à vigília espantosa.

Toscas nuvens cor de borra de vinho infamarão o céu;
há de amanhecer em minhas pálpebras apertadas.





Jorge Luis Borges, em fragmento de "Insônia". Imagem de Diego Abrahão.

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10.7.07





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7.7.07

Mia Couto



Manhã


Estou
e num breve instante
sinto tudo
sinto-me tudo

Deito-me no meu corpo
e despeço-me de mim
para me encontrar
no próximo olhar

Ausento-me da morte
não quero nada
eu sou tudo
respiro-me até à exaustão

Nada me alimenta
porque sou feito de todas as coisas
e adormeço onde tombam a luz e a poeira

A vida (ensinaram-me assim)
deve ser bebida
quando os lábios estiverem já mortos

Educadamente mortos



Mia Couto

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