31.7.03
Mensagem
Não venhas mais, querida, me encontrar!
Vais pisar, se o fizeres, no salgueiro
que plantei, recordando o alvissareiro
primeiro dia em que vieste, ao luar.
Não poderei mais ver-te. Sou escrava
da vontade inflexível de meus pais,
dos quais, quando lhes disse que te amava,
ouvi palavras ásperas demais.
Não pules outra vez o nosso muro!
quebrarias as hastes delicadas
do sândalo que rego ao claro-escuro
de evocativas, doces madrugadas.
O meu irmão, amor, também não quer
que te veja outra vez, infelizmente
o destino me fez simplesmente mulher
e devo ser humilde e obediente.
Nem arranques, num gesto impaciente,
a sebe junto à qual, um dia, enfim
me abraçaste... fazendo-o, deixarias
sem proteção as flores do jardim
confidentes, nas longas tardes frias,
do meu amor sem fim...
Despedida
O teu lenço de seda, umedecido
de lágrimas, deixaste meigamente
quando subiste ao carro, em minha mão.
Fiquei vendo teu vulto estremecido
que sumia. Meu pranto amargo e quente
molhava a poeira que cobria o chão.
Na tua direção, forte lufada
de vento sopra, agora; então me agarro
à esperança falaz de que a dourada
poeira, por minhas lágrimas molhada,
alcance, ainda, as rodas do teu carro...
-- poesia vietnamita, autor desconhecido.