7.7.03
paisagem doméstica
no vidro rugoso
a luz que chega
se parte
(áspera)
em difrações
cintilâncias
gotas de morfina latejando.
também há o ronco do freezer,
o ruído no som do computador,
e azulejos limpos, se entreolhando.
sobre tudo se põe um pano branco.
senhoras comentam, monotonamente,
o comportamento estranho
de um garoto na última reunião
o som ritmado de um martelo
retorna, ao longe,
sem nenhuma explicação.
salgados congelados são lançados no óleo,
berrando: um coro desesperado.
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cantiga pra confundir moça
Amada,
só te amo e te conheço
como se ama e conhece
lugares irreais
coisas inventadas
coisas que, quando se partem,
nunca mais se recompõem.
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a beira do mar
os rochedos de onde
nos arremessávamos
dois golpes de vento
espalhando o resto das ondas
Nel Yokomizo, poeta estreando neste blog.