"Vou tentar a desistência
vou sentar aqui
ficar sem ir
e esperar por mim que vem atrás
os frutos caem
o carro corre
o poeta morre
o mundo marcha para sua manhã
e a sinfonia não pára
-- sendo fatalidade, fico aqui --
se em tudo existe a própria máquina
pouco acrescenta ir ou não ir
gritam
pulam
ficam eufóricos
nunca práticos
todos teóricos
abrem camisa arrancam gravata
dizem senões
perdem botões
e permanecem homens
............ filhos da hora
............ irmãos do momento
eu vou parar
que venha a noite
se vier com luz
amém
se vier escura
amém
se vier mulher
bem, aí muito bem."
-"Poeta e Realidade (O Desistente)".