"Inicialmente a intimidade que havia entre mim e Sara era muito admirada, mas com o tempo passou a ser criticada pela maioria das pessoas que a considerava um pouco exagerada e por que não dizer suspeita. Mas estavam ainda muito longe da verdade. Por falta de conhecimento, fazia-se todo tipo de comentários, até que afinal, como sempre, algumas comadres caridosas decidiram prevenir a sra. P., em nome da moral ultrajada por nossa conduta cotidiana diante das alunas. Principalmente eu sofri graves acusações. Transformaram em crime o fato de eu beijar com muita freqüência a srta. Sara. Começamos a observar que, de fato, éramos objeto de sérios exames por parte das alunas mais velhas. Quando me viam abaixar e apertar Sara em meus braços, desviavam a cabeça com embaraço, como se tivessem medo de nos ver ruborescer. As internas principalmente, que nos viam dormir e acordar, manifestaram mais de uma vez seu espanto em relação a determinados detalhes que, sem dúvida, as assustavam. Evidentemente faziam comentários a esse respeito. Daí os rumores que se espalhavam pela cidade. A sra. P., que era extremamente cuidadosa em relação ao bom nome de sua casa, ficou seriamente afetada com isso. Não ousando falar sobre esse assunto comigo, chamou sua filha. "Sara", disse ela, "por favor, daqui por diante seja mais discreta em suas relações com a srta. Camille. Sei que vocês se gostam muito, e de minha parte fico feliz com isso, mas há conveniências que mesmo entre moças devem ser observadas." Esse primeiro ataque nos fez temer pelo futuro. O que seria de nós quando descobrissem a verdade?"