Amor Volat
Não, não é comigo que ele nasceu... A sua asa
Só a um tempo ruflou desse modo, tamanho! Bateu-me o coração... E outro não sei que, estranho, Rudamente o rasgou como o seu bico em brasa... Entrou-mo todo, enfim, como quem entra em casa E em meu sangue, a cantar, fez de um boêmio no banho! Oh! Que pássaro mau! E eu nunca mais o apanho! Vês: estou velho já. Treme-me o passo, e atrasa... Olha-me bem, no peito, o rubro ninho aberto! Hoje fúnebre, a piar, uma estrige ao telhado E o meu seio vazio! e o meu leito deserto! E vivo só por ver, como curvo aqui fico, Esse pássaro voar largamente, um bocado de músculos pingando a levar-me no bico!