29.12.16
27.12.16
A poesia de Jane Kenyon
In and out
The dog searches until he finds me
upstairs, lies down with a clatter
of elbows, puts his head on my foot.
Sometimes the sound of his breathing
saves my life -- in and out, in
and out; a pause, a long sigh. . . .
Pardon
A piece of burned meat
wears my clothes, speaks
in my voice, dispatches obligations
haltingly, or not at all.
It is tired of trying
to be stouthearted, tired
beyond measure.
We move on to the monoamine
oxidase inhibitors. Day and night
I feel as if I had drunk six cups
of coffee, but the pain stops
abruptly. With the wonder
and bitterness of someone pardoned
for a crime she did not commit
I come back to marriage and friends,
to pink fringed hollyhocks; come back
to my desk, books, and chair.
Credo
Pharmaceutical wonders are at work
but I believe only in this moment
of well-being. Unholy ghost,
you are certain to come again.
Coarse, mean, you'll put your feet
on the coffee table, lean back,
and turn me into someone who can't
take the trouble to speak; someone
who can't sleep, or who does nothing
but sleep; can't read, or call
for an appointment for help.
There is nothing I can do
against your coming.
When I awake, I am still with thee.
Bottles
Elavil, Ludiomil, Doxepin,
Norpramin, Prozac, Lithium, Xanax,
Wellbutrin, Parnate, Nardil, Zoloft.
The coated ones smell sweet or have
no smell; the powdery ones smell
like the chemistry lab at school
that made me hold my breath.
Briefly it enters and briefly speaks
I am the blossom pressed in a book,
found again after two hundred years.
I am the maker, the lover, and the keeper.
When the young girl who starves
sits down to a table
she will sit beside me.
I am food on the prisoner's plate.
I am water rushing to the wellhead,
filling the pitcher until it spills.
I am the patient gardener
of the dry and weedy garden.
I am the stone step,
the latch, and the working hinge.
I am the heart contracted by joy.
the longest hair, white
before the rest.
I am there in the basket of fruit
presented to the widow.
I am the musk rose opening
unattended, the fern on the boggy summit.
I am the one whose love
overcomes you, already with you
when you think to call my name.
Otherwise
I got out of bed
on two strong legs.
It might have been
otherwise.
I ate
I ate
cereal, sweet
milk, ripe, flawless
peach.
It might
It might
have been otherwise.
I took the dog uphill
to the birch wood.
All morning I did
the work I love.
At noon I lay down
with my mate.
It might
It might
have been otherwise.
We ate dinner together
at a table with silver
candlesticks.
It might
It might
have been otherwise.
I slept in a bed
in a room with paintings
on the walls, and
planned another day
just like this day.
But one day, I know,
it will be otherwise.
20.12.16
18.12.16
16.12.16
12.12.16
11.12.16
O cientista político Moniz Bandeira ao Jornal do Brasil - 4.12.2016
O inglês é a língua franca e os Estados Unidos ainda possuem o maior soft power. É através do controle dos meios de comunicação, das artes e da cultura que influenciam e dominam, virtualmente, quase todos os povos, sobretudo no Ocidente. E os recursos financeiros correm por diversas fontes. Os grandes bancos e corporações, concentrados em Wall Street, são geralmente os grandes eleitores nos estados. George W. Bush não foi de fato eleito, mas instalado no governo por um golpe do poder judiciário. Agora, porém, a tentativa de colocar na presidência dos Estados Unidos a candidata de Wall Street e do complexo industrial-militar, a democrata Hillary Clinton, falhou. Elegeu-se Donald Trump, um bilionário outsider, como franco repúdio ao establishment político, à continuidade da política de guerra, de agressão. Trump recebeu o apoio dos trabalhadores brancos, empobrecidos pela globalização, dos desempregados e de outros segmentos da população descontentes com o status quo. E o fato foi que mais de 70 milhões de cidadãos americanos (59 milhões em favor de Trump e 13 milhões em favor Bernie Sanders, no Partido Democrata) votaram contra o establishment, contra uma elite política corrupta, e demandaram mudança. Conforme o historiador John Coatsworth contabilizou, entre 1898 e 1994 os Estados Unidos patrocinaram, na América Latina, 41 casos de “successful” golpes de Estado para mudança de regime, o que equivale à derrubada de um governo a cada 28 meses, em um século. Após a Revolução Cubana, os Estados Unidos, em apenas uma década, a partir de 1960, ajudaram a derrubar nove governos, cerca de um a cada três meses, mediante golpes militares, como no Brasil. Depois de 1994, outros métodos, que não militares, foram usados para destituir os governos de Honduras (2009) e Paraguai (2012). No Brasil, o impeachment da presidente Dilma Rousseff constituiu, obviamente, um golpe de Estado. Houve interesses estrangeiros, elite financeira internacional, aliados a setores do empresariado, com o objetivo de um regime change, através da mídia corporativa, com o apoio de vastas camadas das classes médias, abaladas com as denúncias de corrupção.
Há evidências, diretas e indiretas, de que os Estados Unidos influíram e encorajaram a lawfare, a guerra jurídica para promover a mudança do regime no Brasil. O juiz de primeira instância Sérgio Moro, condutor do processo contra a Petrobras e contra as grandes construtoras nacionais, preparou-se, em 2007, em cursos promovidos pelo Departamento de Estado. Em 2008, ele participou de um programa especial de treinamento na Faculdade de Direito de Harvard, em conjunto com sua colega Gisele Lemke. E, em outubro de 2009, participou da conferência regional sobre “Illicit Financial Crimes”, promovida no Rio de Janeiro pela embaixada dos Estados Unidos. A Agência Nacional de Segurança (NSA), que monitorou as comunicações da Petrobras, descobriu a ocorrência de irregularidades e corrupção de alguns militantes do PT e, possivelmente, forneceu os dados sobre o doleiro Alberto Yousseff ao juiz Sérgio Moro, já treinado em ação multijurisdicional e práticas de investigação, inclusive com demonstrações reais (como preparar testemunhas para delatar terceiros). Rodrigo Janot foi a Washington, em fevereiro de 2015, apanhar informações contra a Petrobras, acompanhado por investigadores da força-tarefa responsável pela Operação Lava-Jato, e lá se reuniu com o Departamento de Justiça, o diretor-geral do FBI, James Comey, e funcionários da Securities and Exchange Commission (SEC). A quem serve o juiz Sérgio Moro, eleito pela revista Time um dos dez homens mais influentes do mundo? A que interesses servem com a Operação Lava-Jato? A quem serve o procurador-geral da República, Rodrigo Janot? Ambos atuaram e atuam com órgãos dos Estados Unidos, abertamente, contra as empresas brasileiras, atacando a indústria bélica nacional, inclusive a Eletronuclear, levando à prisão seu presidente, o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva. Os prejuízos que causaram e estão a causar à economia brasileira, paralisando a Petrobras, as empresas construtoras nacionais e toda a cadeia produtiva, ultrapassam, em uma escala imensurável, todos os prejuízos da corrupção que eles alegam combater. O que estão a fazer é desestruturar, paralisar e descapitalizar as empresas brasileiras, estatais e privadas, como a Odebrecht, que competem no mercado internacional, América do Sul e África.
Não há um cérebro [na Lava-Jato]. Há interesses estrangeiros e nacionais que convergem. Como apontei, os vínculos do juiz Sérgio Moro e do procurador-geral Rodrigo Janot com os Estados Unidos são notórios. E, desde 2002, existe um acordo informal de cooperação entre procuradores e polícias federais não só do Brasil, mas também de outros países, com o FBI, para investigar o crime organizado. E daí que, provavelmente, a informação através da espionagem eletrônica do NSA, sobre a corrupção por grupos organizados dentro da Petrobras, favorecendo políticos, chegou à Polícia Federal e ao juiz Sérgio Moro. A delação premiada é similar a um método fascista. Isso faz lembrar a Gestapo ou os processos de Moscou, ao tempo de Stalin, com acusações fabricadas pela GPU (serviço secreto). E é incrível que, no Brasil, um juiz determine, a polícia faça prisões arbitrárias, ilegais, sem que os indivíduos tenham culpa judicialmente comprovada, um procurador ameace processá-los se não delatarem supostos crimes de outrem, e assim, impondo o terror e medo, obtêm uma delação em troca de uma possível penalidade menor ou outro prêmio. Não entendo como se permitiu e se permite que a Polícia Federal, que reconhecidamente recebe recursos da CIA e da DEA, atue de tal maneira, ao arbítrio de um juiz de 1ª instância ou de um procurador, que nenhuma autoridade pode ter fora de sua jurisdição, conluiados com a mídia corporativa, em busca de escândalos para atender aos seus interesses comerciais. A quem servem? Combater a corrupção é certo, mas o que estão a fazer é destruir a economia e a imagem do Brasil no exterior. E em meio à desestruturação da Petrobras, das empresas de construção e a cadeia produtiva de equipamentos, com o da lawfare, da guerra jurídica, com a cumplicidade da mídia e de um Congresso quase todo corrompido. O bando do PMDB-PSDB apossou-se do governo, com o programa previamente preparado para atender aos interesses do sistema financeiro, corporações internacionais e outros políticos estrangeiros.
Michel Temer, que se assenhoreou da presidência da República, não governa. É um boneco de engonço. Quem dita o que ele deve fazer é o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, como representante do sistema financeiro internacional. E seu propósito é jogar o peso da crise sobre os assalariados, para atender à soi-disant “confiança do mercado”, isto é, favorecer os rendimentos do capital financeiro, especulativo, investido no Brasil, e de uma ínfima camada da população - cerca de 46 bilionários e 10.300 multimilionários.
Havia forte pressão de empresários americanos para o restabelecimento de relações com Cuba, por causa de seus interesses comerciais. Estavam a perder grandes oportunidades de negócios e investimentos devido ao embargo econômico, comercial e financeiro imposto a Cuba desde fins de 1960, portanto mais de 50 anos, sem produzir a queda do regime instituído pela revolução comandada por Fidel Castro. Era um embargo de certa forma inócuo, uma vez que outros países, como o Brasil, estavam a investir e fazer negócios com Cuba. A construção do complexo-industrial de Mariel, pela Odebrecht, com equipamento produzido pela indústria brasileira e o apoio do governo do presidente Lula, contribuíram, possivelmente, para a decisão do presidente Barack Obama de normalizar as relações com Cuba. Essa Zona Especial de Desarrollo de Mariel (ZEDM), 45 quilômetros a oeste de Havana, tende a atrair investimentos estrangeiros, com fins de exportação, bem como opção para o transbordo de contêineres, a partir da ampliação do Canal do Panamá, ao permitir a atracagem dos grandes e modernos navios de transporte interoceânicos. Tenho um livro sobre as relações dos Estados Unidos com Cuba (De Martí a Fidel – A Revolução Cubana e a América Latina).
O processo [de apoio financeiro de instituições políticas às religiões cristãs de direita] é secreto. Ocorre através de ONGs, muitas das quais são financiadas pela USAID e a National Endowment for Democracy (NED), conforme demonstro em A Segunda Guerra Fria e a Desordem Mundial, bem como através de outras agências semioficiais e privadas. Essas igrejas também coletam muito dinheiro dos crentes, acumulam fortunas. E as bancadas de deputados recebem dinheiro de empresas não nacionais, mas de grandes empresas estrangeiras, muitas das quais apresentam no Brasil balanços com prejuízos, conquanto realizem seus lucros nas Bahamas e em outros paraísos fiscais. Tais empresas multinacionais não foram investigadas pelo juiz Sérgio Moro, o procurador-geral Rodrigo Janot e a força-tarefa da Operação Lava-Jato et caterva. A quem eles servem? Racine, o dramaturgo francês, escreveu que “não há segredo que o tempo não revele”. Não sabemos exatamente agora, porém podemos imaginar.
(Fonte: Jornal do Brasil)
6.12.16
5.12.16
4.12.16
2.12.16
24.11.16
Marlene Dietrich canta Luar do Sertão - Brasil - 1959
Marlene no Brasil cumprimenta Juscelino, cumprimenta Cauby.
E canta um verso assim "A gente peca na viola..."
E canta um verso assim "A gente peca na viola..."
22.11.16
18.11.16
Ana Salomé
Ode Rimbaud
eu sou absolutamente moderna, Rimbaud.
sei que nunca pensaste que uma rapariga de Portugal
se tornasse absolutamente moderna.
o caso é que nunca deitei o amor pela janela
mas a janela deitou-se pelo amor dentro.
não toco piano, não falo francês, nem faço fru-fru.
sou absolutamente moderna, Rimbaud.
tenho telemóvel, tenho blog, tenho carro
e até uma paixão que já não é platónica
agora para se ser absolutamente moderno
diz-se virtual, Rimbaud.
perdoa-me
dou-te a minha perna
um prato com bolinhos de canela
para te lembrares do tempo dela.
perdoa-me o sarcasmo, Rimbaud
o fatalismo azedo de rapariga absolutamente moderna
constructo humano, já não ser.
perdoa as minhas pernas a engordar de noite para noite
o fumo da chaminé comum do prédio
a minha imensa falta de árvores
a minha necessidade que devora um poema para o deitar fora.
perdoa-me não ter entendido uma única coisa que disseste
mesmo na tradução do Cesariny que é livre e bela
como uma rosa francesa desgrenhada em solo português.
perdoa-me escrever telegraficamente
ter deixado de respirar para todo o sempre
e continuar a pintar os lábios de vermelho
como se isso fosse possível num deserto sem beijos.
perdoa-me não ter conseguido manter a tua palavra
perdoa-me ter falhado e ser erro.
p.s. - se quiseres regressar a terra
como o Cristo da literatura do não
tomas café comigo?
Ana Salomé
Grandes poetas
Agora talvez entendas porque não escrevo
entretida com a arquitectura volátil dos dias
com os afazeres esponsais e profissionais
a apanhar eléctricos em curto-circuitos
às voltas com este tumulto manso que abafo
porque, sejamos sinceros, só grandes tumultos
dão grandes poetas, de resto há a frieza
dos que se mentem a si próprios
e vão chamando a si os pássaros
quando o que deveriam era libertar os seus
numa torrente que não acompanham ortografias
nem radiografias sentimentais.
entretida com a arquitectura volátil dos dias
com os afazeres esponsais e profissionais
a apanhar eléctricos em curto-circuitos
às voltas com este tumulto manso que abafo
porque, sejamos sinceros, só grandes tumultos
dão grandes poetas, de resto há a frieza
dos que se mentem a si próprios
e vão chamando a si os pássaros
quando o que deveriam era libertar os seus
numa torrente que não acompanham ortografias
nem radiografias sentimentais.
Desculpa se me tornei naquilo que queria ser
quando escrevia: amante e amada
de tal forma que se tocar em flores elas se multiplicam
se beber água nasce um caudal por entre milhares de minérios
se falar de estrelas um segundo demora anos-luz a passar.
À antiga pergunta se antes a vida que a escrita
melhor a primeira quando pior é a segunda
porque, mais uma vez a sinceridade,
só grandes vidas dão grandes escritas,
grandezas díspares, com certeza, mas grandezas, sem dúvida.
quando escrevia: amante e amada
de tal forma que se tocar em flores elas se multiplicam
se beber água nasce um caudal por entre milhares de minérios
se falar de estrelas um segundo demora anos-luz a passar.
À antiga pergunta se antes a vida que a escrita
melhor a primeira quando pior é a segunda
porque, mais uma vez a sinceridade,
só grandes vidas dão grandes escritas,
grandezas díspares, com certeza, mas grandezas, sem dúvida.
Assim chego eu a casa e faço o jantar
e lavo a loiça – quando não a acumulo em pilhas –
e leio livros – quando não me lembro da televisão –
e sou feliz quando enlaço as mãos na maresia
e vou ao cinema com amigos
e passeio de braço dado com a mamã.
e lavo a loiça – quando não a acumulo em pilhas –
e leio livros – quando não me lembro da televisão –
e sou feliz quando enlaço as mãos na maresia
e vou ao cinema com amigos
e passeio de braço dado com a mamã.
Se isto dá uma grande poeta?
tenho-me perguntado, todos os dias,
e à noite uma cavalgada inquieta
dirige-se à região desamparada do cérebro
à côncava existência do corpo ainda insatisfeito
a essa solidão sublime que me levou em certos dias
aos Himalaias e noutros ao farol de Brest.
Nesses segundos que se dirigem a mim
Von Hofmannsthal volta ao esperma para não nascer
e tudo é possível desde amar mulheres até matar
e sobreviver ao crime limpidamente.
tenho-me perguntado, todos os dias,
e à noite uma cavalgada inquieta
dirige-se à região desamparada do cérebro
à côncava existência do corpo ainda insatisfeito
a essa solidão sublime que me levou em certos dias
aos Himalaias e noutros ao farol de Brest.
Nesses segundos que se dirigem a mim
Von Hofmannsthal volta ao esperma para não nascer
e tudo é possível desde amar mulheres até matar
e sobreviver ao crime limpidamente.
Nesses segundos os meus poemas poderiam ser grandes
e ser eu uma grande poeta
apascentando-me de folhinhas de louro
e para mim ter metros infindos de mundo por explorar.
e ser eu uma grande poeta
apascentando-me de folhinhas de louro
e para mim ter metros infindos de mundo por explorar.
10.11.16
8.11.16
29.10.16
Chantal Maillard - poesia & prosa
En los últimos días de su vida, en el hospital, mi madre mantuvo las manos fuertemente cerradas, apresando en ellas trocitos de los pañuelos de celulosa con los que se limpiaba los labios del líquido verde que vomitaba constantemente. Había entrado en coma cuando, con dificultad, abrí su mano izquierda, quité los trocitos de papel e introduje mis dedos en su lugar. La mano volvió a cerrarse, ahora so- bre mis dedos. Los suyos estaban gélidos. Cuando el corazón golpeó por última vez, todo su cuerpo se tensó y sus dedos se aferraron a los míos con tal fuerza que el frío se me coló por dentro.
La radio, sobre la mesilla de noche, estaba encendida y retransmitía el concierto para arpa y oboe de Mozart. Cuando muera, me gustaría escuchar este concierto me había dicho ella, años atrás, mientras lo escuchábamos. Subí el volumen todo lo que el aparato permitía.
Juro que es cierto que lloró después de muerta. Habían pasado quince o veinte minutos después del paro cardíaco. Juro que las lágrimas rodaron por sus mejillas.
(em La mujer de pie)
Espejos
Duelen tantas cosas,
¡tantas!
Aquellas, por ejemplo, embadurnadas de azafrán,
que aprisionan espejos hastiados
de contornos y angustiosa ambigüedad.
Mirad cómo en ellos se alarga
el intangible volumen de la inexistencia,
mirad cómo se encogen los ecos
y se abalanzan, formando punteados
y guturales reflejos de la imagen;
mirad cómo el castigo
no se refleja, no se exhibe,
pero muerde, apuñala
y se derrama en jirones de vida
siguiendo el hilo de las canas
y los silencios arrugados
en los muslos de los viejos.
Mirad de qué extraños colores
se disfrazan los cristales
al repartirse los despojos
de un mundo soñado.
Ah, quién pudiera contemplarse
en espejos desiertos
y ser tan sólo aquello
que sueñan las ondas
cuando atraviesan, rozan, hexagonean...
y se dispersan.
Conjuro para decir mentiras y construir verdades
Cuando cumplí seis años, a cambio de su amor,
mi madre me arrancó la terrible promesa
de no mentir jamás.
Así, igual que un soberano controla al pueblo al que gobierna,
ella me dio la libertad que al necio se le otorga:
actuarás dentro del margen que yo-mis leyes establecen.
No había escapatoria: su ministro de asuntos interiores
tenía su despacho montado en mi conciencia.
Yo la echaba de menos, por eso no traicioné su confianza;
fui fiel a mi promesa.
Pero también, y con el tiempo, quise ser fiel a mis instintos
y extensiva se hizo la verdad al deseo que impulsaba mis actos.
Creo que confundí el orden imperioso del deseo
con el orden común de los Estados,
pues provoqué una guerra.
Después del gran naufragio, ella me preguntó:
¿no podías acaso haber mentido?
En ese instante, entonces, usurpé la corona.
Ser libre no es un don, es una reconquista,
y a menudo es preciso callar y conducir
las palabras al cauce más amable;
es preciso callar para construir
aquella historia que habrá de guardarse
como un largo secreto del que nadie es testigo. Ser libre
es cuidar de un misterio
sobre el que el alma se moldea.
Hay seres que comprenden temprano este principio;
me produce ternura descubrir sus engaños
y comprobar la paz que de ellos resulta;
admiro las mentiras bien trabadas,
la coherencia del engarce, el arte dirigido
hacia un fin; me conmueve
la soledad de aquel que las inventa
y consiente al imperio de su lógica.
El que miente edifica el mundo que conviene
para salvaguardar la ficción de los otros, la legítima
ficción que necesitan contra
la angustia de sentirse
tan solos
sin leyes, sin verdades,
sin ese amor que creen recibir
a cambio de su alma.
Aprendo del que calla, del que miente y engaña
el fuego soterrado que aún gime en mi pecho,
aprendo a dirigir su lava en mis infiernos
para el mejor gobierno de los mundos.
Desde ahora mi mano es la que guía
el fiel de la balanza: la verdad y su opuesto
son las onzas que pongo en los platillos
según el juego lo requiera.
25.10.16
23.10.16
18.10.16
7.10.16
25.9.16
24.9.16
17.9.16
14.9.16
Gregory Corso
Sea Chanty
My mother hates the sea
my sea especially
I warned her not to
it was all I could do
Two years later
the sea ate her
Upon the shore I found a strange
yet beautiful food
I asked the sea if I could eat it
and the sea said that I could
-- Oh, sea, what fish is this
so tender and so sweet?
-- Thy mother’s feet
13.9.16
5.9.16
4.9.16
Frases clichê de todo livro policial/ de terror/ mistério ou suspense
- “I’m scared.”
- “Are you hurt?”
- “Are you scared?”
- “Is this even legal?”
- “Just trust me.”
- “We’re locked in!”
- “I know what I’m doing.”
- “It’s too dark in here.”
- “Why are we here?”
- “They have a gun…”
- “They have a knife…”
- “Grab what you need, and let’s go.”
- “Be quiet. Don’t let them see you.”
- “Choose your victim.”
- “We don’t have to do this.”
- “They’re coming for us.”
- “How do you know how to do that?”
- “What the fuck are you doing in here?”
- “We’re getting out of here unseen.”
- “Something moved over there.”
- “Do you have the stuff?”
- “So, what’s the plan?”
- “It’s not safe here.”
- “This is your fault.”
- “We’ve gotta go. Now.”
- “Hey, how drunk are you?”
- “Hey, how high are you?”
- “Is that… a dead body?”
- “We’re not alone in here…”
- “What do you need me to do?”
- “It’s not safe here, you should go.”
- “I can’t believe you stole that!”
- “Hey, stay close to me. Got it?”
- “If they catch us, we’re dead.”
- “… There’s no signal out here.”
- “Where’s the money you owe me?”
- “Have you ever done this before?”
- “Did you bring what I asked?”
- “I saw you steal that…”
- “I think I dropped my weapon.”
- “This is the last time I ever do this.”
- “Shit, the cops are coming!”
- “Wait. I think I heard footsteps.”
- “We shouldn’t be doing this.”
- “The cops are looking for us.”
- “What the fuck is that?!”
- “You’re gonna get hurt.”
- “Next time, I’ll kill you.”
- “It’s my first time doing this.”
- “You’re gonna get us caught.”
- “You seriously got high without me?”
- “You seriously got drunk without me?”
- “I’m never doing this with you again.”
- “How’d you get all this money?”
- “What are you doing out here?”
- “What if something goes wrong?”
- “I have a bad feeling about this.”
- “I’ve never gotten high before…”
- “I’ve never gotten drunk before…”
- “What the fuck did you do now?”
- “Let’s go and do something bad.”
- “Whatever it was, it wasn’t human.”
- “So are we getting high, or what?”
- “I’ll kill the asshole that did this to you.”
- “It seems like you’ve done this before.”
- “I have to be honest… this car is stolen.”
- “What do you mean this isn’t your car?!”
- “I shouldn’t have let you talk me into this.”
- “What do you mean this isn’t your house?!”
- “That’s… a lot of drugs you’ve got there.”
- “Please tell me you brought a weapon with you.”
- “We don’t have to do this, we can turn around.”
- “How much time will they give us if we get caught?”
- “Watch the door for me? I’ll be out in five minutes.”
- “Maybe it’s the drugs, but I swear I heard someone…”
- “This is literally the worst fucking time to hurt your leg!”
- “Are you about to go do something illegal? Count me in.”
- “The engine is dead and we’re in the middle of nowhere. Fucking great.”
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