Ninguém te diz que
fiques
mas eu digo
possíveis os teus olhos
são de verde
que seja a cor da água
do que sentes
infância e madressilva
tu comigo
Selado sobre a casa-desabrigo
ou cintilante racha na parede
aparte do que sabes
e que eu minto
te exponho só de rosas
não somente
o corpo que se canta e não pretende
por demais onde a terra não se estende
e de ti memória
em fio de zinco
Ninguém te diz que
partas
mas eu digo
Intransponíveis são
as pedras do que sinto
Atentamente estou
mas não contigo
-- "Jardim de Março", em Novas cartas portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, 1974.
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