Louvor do Bairro dos Olivais
Não tive nunca nada a ver com as
guitarras estudantes; eu vivia
num lento bairro da periferia
onde a chuva apagava os passos das
guitarras estudantes; eu vivia
num lento bairro da periferia
onde a chuva apagava os passos das
pessoas de regresso a suas casas
fazia compras na mercearia
e algum livro mais forte que então lia
já era para mim como um par d'asas
fazia compras na mercearia
e algum livro mais forte que então lia
já era para mim como um par d'asas
amigos vinham ver-me que eu servia
de ponche ou Madeira malvasia
para soltar as línguas livremente
de ponche ou Madeira malvasia
para soltar as línguas livremente
um que bramava um outro que dormia
eu abria a janela e só dizia
ao menos estas ruas têm gente
eu abria a janela e só dizia
ao menos estas ruas têm gente