14.3.13

Álvaro Mendes







nom sabeis concual prazer m´entrego à idéia que preçede a criaçom.

levanto cedo, logo m´esfrego, entre la lampe et le soleil

carece choisir a linguagem adequada         nem pouco nem excessivo

la mesure    le point de jour.

nã sabedes quã labor dá um pícolo anúncio fulgurante in página

cual jóia:

la mesure

le point du jour



Na Lagoa das Varejeiras


    Na Lagoa de caldo grosso
    (embora chumbo, transparente)
    brilha um Cálice, atufado,
    até à bôca, de Bósta
    dentro do Sacrário; o Cálice
    esverdeado/fosforescente
    – vara de porcos o contemplam!
    (de porcos, digo, vara de humanos),
    mãos ajoelhadas – e os focinhos,
    – roxos – pênis assanhados
    pelas cócegas das Varejeiras...

    Dentro do Sacrário, do Cálice
    entufado até à bôca,
    de Bósta – desprendem-se as Flores
    das Fézes
    em anéis gordos, em ôlhas
    de hóstias que sobem devagar,
    liquefeitas bolhas catarros
    sobem devagar, pardas, lenta-
    mente montam pelos caules
    das transidas – subaquáticas
    plantas de raízes lívidas.

    irrompem as Bôlhas de Fézes
    irrompem, sem bulha, as hóstias,
    irrompem as hóstias de Bósta
      do caldo grosso da Lagoa
      do fundo chumbo da Lagoa
      da Lagoa de chumbo espesso
      desfazendo-se ao lume dágua
      ejaculando-se à flor dágua,
      – espirram nas línguas suínas
      dos porcos contemplativos
      (dos porcos, digo, dos humanos,
      suinumanos contemplativos),
      – rubros – pênis assanhados
      pelas lambidas das Varejeiras,
      – espalham-se ao lume dágua
      da Lagoa das Varejeiras!

      as Bôlhas de Bósta, ou hóstias
      da Eucaristia novíssima
      transubstanciada em gás-podre,
      transubstanciada no monco
      – exalação do novo deus! –,
      lambuzam as goelas-suínas
      (de tanto engolir, feridas),
      atufam as goelas-focinhos
      dos porcos que dentro espiam
      da Lagoa mesmerizada
      (dos porcos, digo, dos humanos),
      lambendo no muco divino,
      chupando, no divino gás,
      o Corpo Glorioso do deus,
      – do Novo deus, da humanidade nova!

        Vitória-régia, hóstia divina,
        ôlha-gorda de gás-muco
        alumiada a Canhões de Luz!
        flutuando sobre a Lagoa
        (a Lagoa do Caldo Grosso!)
        – qual o Pneuma de Javé
        pairando sobre águas antigas!

        hóstia divina  gás muco
        Eucaristia da Bósta
        (dádiva do Novo deus,
        – do Novo deus à humanidade Nova!),
        – entufa de Fézes, de Bósta,
        estufa de Fézes a Bôca,
        entope de Bósta a Bôca
        – a grande suinumana Bôca-Porca
        a sono solto roncante-saciada

        que chupa e vomita
        que chupa e vomita
        gulosa de Infinito
        o suco do Infinito
        o monco do Infinito
        da Hóstia de Bósta
        – e dorme – refestelada!