2.5.10

Nuno Milagre




um plástico a voar
um saco de plástico no ar
saco preto que range baixinho
plástico fininho
desses que dão para quase tudo
um saco vazio a voar
inspiro, subo mais alto
plástico à vela
à altura de um nono andar, ou mais

um desses sacos esgaçados
que nada pesam
e dão para quase tudo, até voar
somos plásticos no ar
roçando prédios e árvores
plásticos quase brilhantes
pretos meio transparentes
opacos brilhando do alto
vendo as terras do espaço
ou presos a arame farpado

um plástico a voar no dia feriado
ainda não é tarde, são catorze e trinta



Nuno Milagre, via Poesia distribuída na rua.
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