Todos os dias eu sentava à minha mesa no balcão e escrevia várias páginas de uma obra que intitulara "Without Stopping". O importante era aumentar a pilha de páginas. Decidi escrever o que me viesse à cabeça e trabalhar o texto depois. Temia que, se parasse para pensar, eu iria ver a obra com olhos críticos, e isso deteria o fluxo. E era o fluxo o que mais me preocupava, pois escrever "Without Stopping" constituía uma terapia. Ver o número de páginas crescer me dava a ilusão de estar criando alguma coisa. Eu tinha perfeita consciência de que vender livros impunha uma situação de inatividade.
Paul Bowles, em Without Stopping, 1972. No Brasil, esta autobiografia só seria publicada em 1994, com o título Tantos caminhos.