20.10.08

Procura-se um poema erótico que não faça sexo



Procura-se um poema erótico que não faça sexo, que não use as palavras contornos, curvas, fendas, gretas, canais, seios, gemidos, ventre, flancos, orgasmos, espasmos, espermas, gritos, gozo, bocas, dentes, desejo, língua, lábios, lóbulos, nádegas, coxas, corpos, beijos, abraços, mãos, dedos, mamilos, orelhas, cabelos, saliva, pernas, quadris, rego, abertura, carne, cama, lençóis, roupas, travesseiro, sucos, sumos, êxtase, febre, calor, suor, umidade, líquidos, pele, peso, teso, penugem, órgão, tato, encaixe, coração, paixão, prazer, ponto g, sedas, poros, incêndio, libido, dentro, fora, duro, mole, seco, molhado, hálito, adagas, facas, velas, varas, baloiço das ancas, pênis, vagina, ânus, clitóris e seus semelhantes, palavras estas que já começam a brochar e entediar os leitores. Cartas ao editor.

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