Dizem que o Rosa é regionalista... Eu me divirto muito com isso, porque dizem que eu fiz uma paisagem, um crepúsculo mineiro, e não é nada de crepúsculo mineiro, é um crepúsculo que eu vi na Holanda, misturei com umas coisas que eu vi em Hamburgo, com coisas de Minas, misturei tudo aquilo e joguei lá -- e as pessoas dizem que estou fazendo uma cena do interior de Minas, eu estou fazendo é um omelete ecumênico. O Rosa é como uma ostra: projeta o estômago para fora, pega tudo, de todas as fontes possíveis e introjeta de novo no estômago, mastiga tudo aquilo e produz o texto.
Guimarães Rosa, em conversa com Haroldo de Campos relatada no documentário Os nomes do Rosa, 1996.