Almas simplórias,
Mas que sensualidade.
Vinde me consolar das desventuras
Distraí-me dessas literaturas;
Tu, suburbano, vamos tocar uma em gíria,
E vós, do campo, contai-me em dialeto
Casos sacanas e casos singelos,
Travemos nos bosques cerrados
A grande guerra
Dos beijos vários.
Vós, espertos, caprichemos na língua,
Merda pros casos tristes,
Dos tolos e babacas.
(Babacas, isto é, imbecis,
Outras babacas são de praxe
Até para nós, os difíceis,
Os especiais, os escravos da boa Igreja
Cujo papa seria Platão
E Sócrates, protonotário,
Uma mulher de vez em quando é de bom-tom;
Uma concessãozinha não mata ninguém.
E é preciso dar a cada um sua quota:
Mulheres também têm direito a nossa glória.
Um afaguinho
De vez em quando
E voltemos ao que interessa.)
Ó meus meninos amados, vingai-me
Com vossas carícias severas
E vossos cus e picas, regalos divinos,
De todas essas carnes ocas
Que a retórica brinda aos cérebros merdosos
Desses pobres coitados que não compreendem.
Trepemos, chega de metáforas,
Brinquemos com nossos colhões,
Passemos uma água nas glandes
E depois porra, merda, nádegas e coxas!
Paul Verlaine, em Hommes, 1891.