"A geração beat foi só um nome que usei no original de On the road para descrever caras como Moriarty, que percorriam o país de carro, atrás de biscates, mulheres e farras. Mais tarde foi aproveitado por grupos de esquerda da Costa Oeste e ganhou um sentido de "rebelião beat" e "insurreição beat" e outras bobagens. Eles só queriam se agarrar a um movimento qualquer da juventude para atingir seus objetivos políticos e sociais. Eu não tive nada a ver com isso. Eu era um jogador de futebol, bolsista da universidade, marinheiro, guarda-freios e redator de sinopses... e Moriarty-Cassady era um cowboy de verdade no rancho de Dave Uhl, em New Raymer, Colorado... Que tipo de beatnik é este? (...) Conhecíamos milhares de poetas e pintores e músicos de jazz. Não havia uma "turma beat"... O que me diz de Scott Fitzgerald e sua "turma perdida", ou de Goethe e da "turma de Wilhelm Meister"? Esse assunto é muito chato. Me passa aquele copo. (...) Ginsberg começou a se interessar por política, pela esquerda... como Joyce, eu disse a mesma coisa que Joyce disse a Ezra Pound nos anos 20: "Não me amole com a política, a única coisa que me interessa é estilo." Além disso, eu estou cheio da nova vanguarda e do sensacionalismo em ascensão. Estou lendo Blaise Pascal e fazendo anotações sobre religião. Eu gosto de andar com não-intelectuais, se quiser chamá-los assim, em vez de ter minha cabeça como vítima ad infinitum do proselitismo. Hoje tenho uma vida caseira, com um pequeno porre de vez em quando em bares das redondezas."