Manual de Civilidade Destinado às Meninas (Para uso nas escolas)
Não digas... Diz...
Não digas "a minha cona", diz "o meu coração".
Não digas "tenho vontade de foder", diz "estou nervosa".
Não digas "gozei que foi uma loucura", diz "sinto-me um pouco fatigada".
Não digas "vou masturbar-me", diz "vou ali e volto já".
Não digas "quando eu tiver pentelhos", diz "quando eu for crescida".
Não digas "gosto mais de língua do que de pixota", diz "sou chegada a prazeres delicados".
Não digas "entre as refeições só bebo esperma", diz "sigo um regime especial".
Não digas "os romances honestos me chateiam", diz "quero qualquer coisa interessante para ler".
Não digas "deixa-se enrabar por todos os que lhe fazem minete", diz "é muito namoradeira".
Não digas "vi-a foder pelos dois buracos", diz "é uma eclética".
Não digas "ela goza como uma égua", diz "é uma exaltada".
Não digas "é uma menina que se masturba até morrer", diz "é uma sentimental".
Não digas "ela se deixa enrabar por todos que a masturbam", diz "ela flerta um pouco".
Não digas "ele entesa como um cavalo", diz "é um jovem completo".
Não digas "quando o chupam, descarrega no ato", diz "ele é muito espontâneo".
Não digas "tem a pixota grossa demais para a minha boca", diz "sinto-me pequena quando falo com ele".
Não digas "gozou na minha boca e eu na dele", diz "trocamos algumas impressões".
Não digas "tenho uma dúzia de consolos na gaveta", diz "nunca me aborreço sozinha".
Não digas "ele dá três sem desencavar", diz "tem um caráter muito firme".
Não digas "fode muito bem mas não sabe enrabar", diz "é um simplório".
(Escrita em 1917, esta obra teve sua primeira publicação em 1927 dois anos após a morte do autor. Trata-se de uma paródia dos rigorosos e moralistas manuais de educação e boas maneiras utilizados na Belle Époque. O Manual de civilidade é um contundente ataque desferido contra as regras vigentes do puritanismo burguês.)