30.7.13

T. Miller & Poetry Slam



Neste vídeo T. Miller, vencedora do Poetry Slam de 2012 da Black Poet Society, na Universidade de Michigan, diz o seu impactante poema "Us - Black Women". T. Miller é considerada uma das melhores
slammers do mundo. 

O Poetry Slam, para quem não sabe:
Com uma estética próxima do hip-hop, o Poetry Slam (PS) é um movimento dedicado à promoção da poesia na sua vertente performática e falada, através da organização de eventos onde a palavra falada é usada para a participação do público e o estímulo da criatividade. Um mestre de cerimônia convida membros da plateia para subir ao palco e interpretar seus próprios poemas. Apesar da existência de formatos temáticos, onde são utilizados poemas de autores conhecidos, a esmagadora maioria dos eventos de PS exigem a utilização de textos originais, servindo assim de estímulo à criação artística. Uma vez no palco, o concorrente tem três minutos para dizer o seu poema, usando para isso apenas a sua capacidade de expressão. Não é permitido o uso de adereços, música ou outro tipo de complementos, até porque o poetry slam não quer ser confundido com o seu antecessor, a performance poetry. Após sua apresentação, o slammer é avaliado por um júri, que poderá ser a plateia ou um grupo predefinido de pessoas, o qual decidirá se o poeta-slammer continua na competição, que tem três rodadas: eliminatória, semifinal e final. O importante é conquistar o público. Estima-se que os primórdios do Poetry Slam datem de 1984, quando Marc Smith criou as “Monday Night Poetry Reading” em Chicago. Desde então, este movimento tem conhecido um importante crescimento, com vários núcleos regionais surgidos em diferentes partes do mundo. Com a sua capacidade de transformar a palavra num espetáculo com forte presença visual, o Slam tem dado passos importantes na desmitificação da imagem elitista que normalmente se associa à poesia. Até porque, no Poetry Slam, mais do que o significado ou características do texto, o que importa é a descoberta de outras potencialidades da palavra.


23.7.13

Edna St.Vincent Millay



Dirge Without Music

I am not resigned to the shutting away of loving hearts in the hard ground.
So it is, and so it will be, for so it has been, time out of mind:
Into the darkness they go, the wise and the lovely.  Crowned
With lilies and with laurel they go; but I am not resigned.


Lovers and thinkers, into the earth with you.
Be one with the dull, the indiscriminate dust.
A fragment of what you felt, of what you knew,
A formula, a phrase remains,—but the best is lost.


The answers quick and keen, the honest look, the laughter, the love,—
They are gone.  They are gone to feed the roses.  Elegant and curled
Is the blossom.  Fragrant is the blossom.  I know.  But I do not approve.
More precious was the light in your eyes than all the roses in the world.


Down, down, down into the darkness of the grave
Gently they go, the beautiful, the tender, the kind;
Quietly they go, the intelligent, the witty, the brave.
I know.  But I do not approve.  And I am not resigned.


21.7.13

10 dicas de J.C. Oates para escritores





 Pescadas por André de Leones e publicadas em seu blog.


12.7.13

Lydia Davis e a microficção





Interesting

My friend is interesting but he is not in his apartment.

Their conversation appears interesting but they are speaking a language I do not understand.



They are both reputed to be interesting people and so I'm sure their conversation is interesting, but they are speaking a language I understand only a little, so I catch only fragments such as "I see" and "on Sunday" and "unfortunately."


This man has a good understanding of his subject and says many things about it that are probably interesting in themselves, but I am not interested because the subject does not interest me.

Here is a woman I know coming up to me. She is very excited, but she is not an interesting woman. What excites her will not be interesting, it will simply not be interesting. 

At a party, a highly nervous man talking fast says many smart things about subjects that do not particularly interest me, such as the restoration of historic houses and in particular the age of wallpaper. Yet, because he is so smart and because he gives me so much information per minute, I do not get tired of listening to him.

Here is a very handsome English traffic engineer. The fact that he is so handsome, and so animated, and has such a fine English accent makes it appear, each time he begins to speak, that he is about to say something interesting, but he is never interesting, and he is saying something, yet again, about traffic patterns.



Suddenly Afraid

because she couldn't write the name of what she was: a wa wam owm
owamn womn



Index Entry

Christian, I'm not a.



Away from Home

It has been so long since she used a metaphor!



Samuel Johnson Is Indignant

that Scotland has so few trees.



Example of the Continuing Past Tense in a Hotel Room

your housekeeper has been Shelly.




11.7.13

Ingrid Jonker



Little Grain of Sand

Grain little grain of sand
pebble rolled in my hand
pebble thrust in my pocket
a keepsake for a locket
Little sun big in the blue
a granule I make out of you
shine in my pebble little grain
for the moment that’s all I can gain
Baby that screams from the womb
nothing is big in this tomb
quietly laugh now and speak
silence in dead-end street
Little world round and earth-blue
make a mere eye out of you
house with a door and two slits
a garden where everything fits
Small arrow feathered into space
love fades away from its place
Carpenter seals a coffin that’s bought
I ready myself for the nought
Small grain of sand is my word, my breath
small grain of nought is my death

(em Black Butterflies, 2007, Human & Rousseau, Cidade do Cabo)


10.7.13

Russell Atkins




Night and a distant church


Forward abrupt up
the mmm mm
wind mm m
       mmm

upon the mm mm
wind  mm m
        mmm
winto the mm wind
rain now and again
the mm wind

 ells
b
   ell s
 b


(em Objects, 1963, Hearse Press, Eureka: Califórnia)


9.7.13

Fernando Pinto do Amaral





Zeitgeist


Os meus contemporâneos falam muito
e dizem: “Então é assim”,
com o ar desenvolto de quem se alimenta
do som da própria voz, quando começam
a explicar longamente as actuais tendências
das artes ou das letras ou das sociedades
a pouco e pouco iguais umas às outras
neste primeiro mundo em que nascemos,
agora que o segundo deixou de existir
e que o terceiro, mais guerra, menos fome,
continua abstracto, em folclore distante.
Parece que está morta a metafísica
e que a verdade adormeceu, sonâmbula,
nos corredores vazios onde, às escuras,
se vão cruzando alguns milhões de frases
dos meus contemporâneos. Todavia,
falam de tudo com o entusiasmo
de quem lança «propostas» decisivas
e percorre as «vertentes» de novos caminhos
para a humanidade, enquanto saboreiam
a cerveja sem álcool, o café
sem cafeína e sobretudo
o amor sem amor, pra conservarem
o equilíbrio físico e mental.
Os meus contemporâneos dizem quase sempre
que não são moralistas, e é por isso
que forçam toda a gente, mesmo quem não quer,
a ser livre, saudável e feliz:
proíbem o tabaco e o açúcar
e se por vezes sofrem, tomam comprimidos
porque a alegria é uma questão de química
e convém tê-la a horas certas, como
o prazer vigiado por preservativos
e outros sempre obrigatórios cintos
de segurança, pra que um dia possam
sentir que morrem cheios de saúde.
Quando contemplo os meus contemporâneos
entre as conversas trendy e os lugares da moda,
“tropeço de ternura”, queria ser
pelo menos tão ingénuo como eles,
partilhar cada frémito dos lábios,
a labareda vã das gargalhadas
pela madrugada fora. No entanto,
assedia-me a acédia de ficar
assim, mais preguiçoso do que um Oblomov
à escala portuguesa - ó doce anestesia
a invadir-me o corpo, a libertar-me
desse feitiço a que se chama o «espírito
do tempo» em que vivemos, sob escombros
de um céu desmoronado em mil pequenos cacos
ainda luminosos, virtuais
estrelas que se apagam e acendem
à flor de todos os écrans
que os meus contemporâneos ligam e desligam
cada dia que passa, nunca se esquecendo
de carregar nas teclas necessárias
para a operação save
e assim alcançarem a eternidade.


8.7.13

Revista Rosa




Já na web a edição # 2 da Revista Rosa,
de arte e  literatura queer. Agradeço
ao pessoal por participar também.
A seguir um aperitivo:  um poema 
de
Rafael Mantovani.


Meu amigo
curto

tenho um amigo curto
que me deixa pôr a mão
parece massa de pão

a mochila endireita suas costas na direção do sol
de pés unidos as pernas formam um quadradinho
meias em espanhol se chamam cacetines
ele tem um bom que partilha comigo
estamos só nós dois num bairro de baixa entropia
onde no entanto ninguém nunca está dormindo
e os motivos dos outros também me servem

como se alguém tivesse nos explicado
que hoje nenhuma bomba ia explodir.