17.8.12
11.8.12
Facundo Cabral
Me gusta el sol y la mujer cuando llora
las golondrinas y las malas señoras
saltar balcones y abrir las ventanas
y las muchachas en abril
las golondrinas y las malas señoras
saltar balcones y abrir las ventanas
y las muchachas en abril
Me gusta el vino tanto como las flores
y los amantes, pero no los señores
me encanta ser amigo de los ladrones
y las canciones en francés
y los amantes, pero no los señores
me encanta ser amigo de los ladrones
y las canciones en francés
No soy de aquí, ni soy de allá
no tengo edad, ni porvenir
y ser feliz es mi color
de identidad
no tengo edad, ni porvenir
y ser feliz es mi color
de identidad
Me gusta estar tirado siempre en la arena
o en bicicleta perseguir a Manuela
o todo el tiempo para ver las estrellas
con la María en el trigal
o en bicicleta perseguir a Manuela
o todo el tiempo para ver las estrellas
con la María en el trigal
No soy de aquí, ni soy de allá
no tengo edad, ni porvenir
y ser feliz es mi color de identidad
no tengo edad, ni porvenir
y ser feliz es mi color de identidad
6.8.12
Moça lendo em Itu
Duas vezes por mês Indalécio abre mão das rodas
literárias noturnas e oferece sua casa da Rua Nove para glomérulas de
operários chapeleiros, congressos da lavoura, associações de padeiros,
confeitarias e anexos. Indalécio não tem um interesse particular por problemas
sociais e de governação do país, mas simpatiza com quem não vota como carneiros
ou cousas. O dever de todos é luctar. E luctar até o fim -- aprendeu com o
tio-avô morto, um primo-irmão de Le Douanier, pintor que de bom grado morreu
gangrenado de uma perna antes que se lhe perdessem as duas na primeira guerra.
E Indalécio gosta de ouvir os mortos, pois mortos falam como gente de hoje.
Herdeiro de uma fábrica de elásticos, Indalécio é poeta e cafeicultor, para ele
duas atividades que eram uma a casca da outra. Questão pra gosto. Hoje a
reunião era dos cafeicultores. Ordem do dia: o combate ao lucro pelo “praguismo”
e o Convênio de Taubaté. Para quebrar o indiferentismo da classe, uma argamassa
de solidariedade precária, ele servia do seu próprio café e do café dos concorrentes
presentes. Polidez para uns, concessão de emergência para outros. Como todo
poeta, Indalécio intitulou a assembleia A Noite das Xícaras. Serviu-as pessoalmente em
três movimentos. O primeiro indo até a quarta xícara, o segundo, da quinta à
décima, o terceiro finalizando o poema: uma bela travessa de castanhas assadas
com manteiga fosfatada. O cafezista
de Santa Cruz arengava de boca cheia, excitando contendas num andante bíblico. Ninguém dorme nem cochila. Estava hasteada a bandeira nacional em terras roxas do vinho do Islã. "Antes de ensurdecerem-me os ouvidos, de fecharem-me os olhos, antes que sequem as cachoeiras de Tapajós e que o nosso café vire coco, não podemos tolerar mais essas negociatas torvas que fermentam nas mentes ambiciosas de pouco bago, trazendo instabilidade e vergonha..." Indalécio pede um minuto para o toilette. O sr. Redinha concede e prossegue. Na sala do seu trono, sua sala de pensar, decorada com motivos piscatórios, Indalécio ora à Mater Castissima -- Purissima, que me importa se os jacus cagam café? E um cahué do mais saboroso. Questão pra gosto. Se a Terra gira trinta quilômetros por segundo. Se as senhoras não levam até o fim seus estudos de contraponto. Se as laranjas passam por um banho de asseio antes de irem à venda. Se Hortencia me mortifica com suas intimidades e remolhos com a marquesa. Se esta gente vem à minha casa salpicá-la de intrigalhas, como o manto de Napoleão o é de abelhas de ouro. Virgine Madre, figlia del tuo figlio, se o sangue do jacu virar café, mais rubro será o céu. Como sofre o homem vegetariano de intestinos curtos. Alma minha incognoscível/ Lunática, nostálgica, demente/ Evadida das grades do Impossível. Cumprido o seu ofício, Indalécio comunga, ergue as calças e volta aos debates. A moça não há de notar. Há muito tempo que a hóstia mais parece papel do que pão.
1.8.12
Assinar:
Postagens (Atom)