18.7.07




creio esta noite na terrível imortalidade:
nenhum homem morreu no tempo,
nem mulher, nenhum morto,
porque esta inevitável realidade de ferro e de barro
tem de atravessar a indiferença de quantos estejam
adormecidos ou mortos
- ainda que se ocultem na corrupção e nos séculos -
e condená-los à vigília espantosa.

Toscas nuvens cor de borra de vinho infamarão o céu;
há de amanhecer em minhas pálpebras apertadas.





Jorge Luis Borges, em fragmento de "Insônia". Imagem de Diego Abrahão.

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