7.6.04

III


Queridinho e todo meu senhor


Rio sozinha até agora das brincadeiras que inventas a toda hora para fazer-me sentir melhor as delícias da vida. Sou tão feliz ao teu lado que até me envergonho de perguntar: -- Quem é Maimônedes? Por que me pedes que o recite para ti sempre que me penetras por trás vestido de mulher? És louquinho, e eu louca por ti. Quase à vertigem. Tens ciúmes do meu primo? Ora, ele é um cavaleiro da Ordem de Cristo e ademais tão baixinho que só monta cabritos. Jamais seria um mestre na cavalaria como é o meu senhor, este sim, um verdadeiro prodígio na arte de ferrar. Já sinto saudades, vês? Meu senhor, não sei se poderei usar amanhã os coturnos venezianos que me destes, meus pés estão tão doloridos que tive de banhá-los com chá de murta e rosas. Mas não te preocupa. Adorei o presente. Como te adoro
e vivo
para te servir
Urselina